quarta-feira, 11 de agosto de 2010

DEUS ESTÁ MORTO! NIETZSCHE ESTAVA CERTO



"A Oração ao Deus Desconhecido [Friedrich Nietzsche]
Traduzido por Leonardo Boff

Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em Cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
"Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer, quero servir só a Ti."

Todos sabem da famosa citação de Nietzsche: "God is dead!"
Após ler essa oração do filósofo, compreendi que o “Deus” que para Nietzsche morreu foi o “Deus” que já nasceu morto: o “Deus” da religião.
O “Deus” que Nietzsche quis matar tem que morrer mesmo!

Os sacrilégios, as blasfêmias, as irreverências, os grandes templos, as mentiras, as manipulações, as barganhas proferidas em nome de "Deus", são na verdade atuações diabólicas dentro da igreja. Visto que, Deus nunca compactuou com estas atitudes humanas, nunca se sujeitou à vontade humana, até porque Ele fala que "os Seus caminhos não são os nossos caminhos".

Como o apóstolo Paulo nos diz, a Lei, a religião é apenas o "aio" - escravo responsável por levar os filhos dos patrões a determinados lugares -. Entretanto, tenho visto que as manifestações religiosas não querem levar o homem a Deus, pelo contrário, cada uma cria a sua própria divindade que é superior a de outras e assim vários "Jesus" são adorados e idolatrados, sem que o homem ao menos tenha algum relacionamento com Ele.

A maioria das coisas que afirmamos sobre Deus, nada tem a ver com Deus mesmo, mas apenas com nossa pessoal ‘construção de Deus’, tem a ver com o "Deus" de sua confecção psicológica. Esse "Deus não existe", não é o Deus da Palavra. O Deus que se revela através de Jesus conhece sua história, todos os momentos de pecado, de vergonha e de desonestidade que macula seu passado. Sabe que agora neste momento você está com uma fé superficial, uma vida de oração medíocre e não segue a Ele como deveria. Entretanto, Ele está sempre te desafiando a confiar que te ama do jeito que você é, e não do jeito que deveria ser.

Ulisses Juliano

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

LEI DA FICHA LIMPA É UM RISCO



Políticos corruptos são sempre ameaças aos cofres públicos e ao Estado de Direito. É sabido que são nocivos ao sistema e percebemos a cada dia que são criativos em perverter. Entretanto, como qualquer outro cidadão a eles cabem todos os direitos e os deveres prescritos em nossa constituição. Não obstante, a Lei Complementar 135 “Ficha Limpa”, está promovendo sentença condenatória retroativa. Ou seja, o cidadão antes de trânsito em julgado, é condenado.

Por mais que pareça extremamente interessante a impugnação da candidatura do governador Joaquim Roriz, abre-se um precedente nesse fato, visto que, a lei é posterior a sua decisão de renúncia ao Senado (04/07/2007). Naquela conjuntura era direito de todo e qualquer parlamentar renunciar por qualquer motivo que desejasse, portanto, ser condenado agora é aplicar uma pena que retroage para punir. Uma Lei não pode prejudicar os cidadãos no exercício de seus direitos, pois, se assim for, não há estabilidade e por conseguinte, gera-se a incerteza nas relações jurídicas instaurando o caos.

Um exemplo simples para que fique bem claro a situação: Uma lei é publicada hoje aferindo que nenhuma mulher com o cabelo vermelho possa exercer um cargo público. Veja bem, essa Lei não pode atingir àquelas que já haviam pintado o cabelo antes da data da publicação da Lei, ou àquelas que naturalmente possuem cabelos vermelhos, visto que, elas tinham todo o direito de pintá-los ou mantê-los assim antes de tal regramento. A partir da data da publicação é totalmente aceitável que esse requisito seja respeitado. Com esse exemplo simples talvez seja mais claro entender o que aconteceu com a LCP 135. Ela foi interpretada pelo TSE para atingir a todos os que possam ser relacionados em seu texto mesmo antes de sua publicação, ou seja, não há como coadunar com nossa Constituição, é retroagir para punir de forma arbitrária e sumária. Concordo com o ex Ministro do STF Dr. Eros Grau, quando diz: "Estou convencido de que a Lei Complementar 135 é francamente, deslavadamente inconstitucional."

Veja bem, não sou favorável à candidatura de Joaquim Roriz, e por mais que deseje que ele não seja eleito, não posso confundir as coisas. Mesmo que os propósitos sejam bons, o princípio constitucional não pode ser ferido, pois, como me afirmou o Dr. Alexandre Budib, professor de Direito Civil "se aceito que a Lei seja relaxada para punir maus elementos – que é o caso dos “fichas sujas” –, cria-se o precedente que justificará o relaxamento da mesma Lei para punir também os bons."

Essa interpretação do TSE é absurda e inconstitucional. É preciso pensar em todas as possibilidades jurídicas que desta lacuna na Constituição podem advir, mesmo porque a abrangência desta Lei pode e irá abrir precedentes para novas interpretações e outros princípios podem ser feridos. Não se pode trabalhar com exceções, a Carta Magna nos diz que para se punir alguém todo o rito processual deve ser observado.

Concluo com uma citação de Maria Helena Diniz: "O princípio da irretroatividade tanto se aplica ao julgador quanto ao legislador e esta é a regra, no silêncio da lei; entretanto poderá retroagir, se estiver expressa e não ferir direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada."

Por, Ulisses Juliano

sábado, 7 de agosto de 2010

PARA QUEM DESEJA DESEJA SER O MELHOR


Sonhos, planos, projetos, desejos e sucesso. Esse é o script de muitas vidas. Queremos ser notados e reconhecidos por nosso árduo empenho e em prol de nossos projetos vivemos uma vida vazia, focada no futuro, no que há de vir, no amanhã. Sempre querendo estar na frente, desejando constantemente aparecer.

Mel silvestre e gafanhotos, este era o menu para o maior profeta de todos os tempos. E este (João Batista), tinha uma frase simples: “importa que Ele cresça e que eu diminua!”

É interessante como hoje pervertemos as coisas, como queremos crescer para fazer Ele aparecer, como queremos ajudar o Espírito Santo a realizar aquilo que somente Ele tem condições de fazer. Intentamos preparar uma mensagem para sacudir a igreja, desejamos cantar para salvar milhões de pessoas, fundar um novo estilo de evangelhismo e criar, desenvolver, produzir para que as pessoas nos vejam e em nos vendo creiam em "nosso" evangelho. Desta forma, iniciamos uma vida ministerial focada no que nós podemos produzir, no que nós precisamos fazer para que o reino de Deus seja anunciado. Para isso temos que ser os melhores em tudo, nosso ministério tem que ser intocável, nossa palavra impecável, nossos cânticos sublimes.

Enquanto vivemos nessa turbulência psicológica, Jesus simplesmente nos diz: “e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo;” Por mais que nosso desejo seja sincero, a obra é dEle e Ele fará do jeito que lhe apraz, sem nos perguntar, sem dar nos dar satisfação, simplesmente tudo acontecerá de acordo a vontade dEle, até porque "os Seus caminhos, não são os nossos caminhos." Em muitos momentos, pensamos que Ele está perdendo a batalha, que não está no controle, que temos que fazer algo para ajudar, entretanto, o evangelho nos coloca num paradoxo, no qual o fraco é que é forte, quando o que não é se torna, onde o menor se torna o maior e o último é mais importante do que o primeiro. Não há uma lógica-lógica na graça, é simples assim.

Tudo se dá porque a vontade dEle é soberana, portanto, não há espaço para explicações, não cabe nos intentos dEle hermenêuticas, simplesmente porque Ele não é convencional, Ele decide abrir uma porta onde não há portas, Ele cria, produz do nada e faz com que tudo se mantenha nEle, pois, O Caminho é Ele e tudo acontece nEle, para Ele e por Ele.

Portanto, “entregue seu caminho ao Senhor, confia nEle e Ele agirá.” Deus nos convida não a uma parceria, mas a um relacionamento, onde é Ele quem deve ser glorificado, notado, sentido, almejado e não nosso ministério, não nossos frutos, não nossas realizações. Somente assim entenderemos que “tudo coopera para o bem daqueles que O amam. Daqueles que são chamados segundo o Seu propósito.”

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A FÉ QUE NÃO MOVE MONTANHAS


Muito maior do que operar milagres, mover montanhas, aumentar a conta bancária, proporcionar maravilhas e curas. Deus nos convida a desenvolver uma fé na qual nós possamos nos sustentar. Uma fé que independente das intempéries da vida, não retrocede. Uma fé que nos leva através dos picos e dos vales e nos mostra a completude do evangelho. A fé da qual estou falando é superior a fé que vê vida na morte, provisão na necessidade, água no deserto. Esta fé não busca conquista, ao contrário, ela faz com que você se entregue, se doe, se renda, que se permita ser guiado pelo Espírito Santo.

Jesus avisou que há muitas pessoas que o seguem por causa das manifestações espirituais de curas, de milagres e de maravilhas, em determinado momento ele até se indignou porque a mensagem do evangelho é que o maior milagre é uma vida transformada. É preciso entender que ter fé, quando não há milagres, é um milagre maior do que ter fé para operar milagres.

A fé é o alimento que nutri e fortalece o nosso espírito. Ela aproxima o homem de Deus. A fé não retrocede porque seguir Jesus é um caminho sem volta. Avançar é a única alternativa viável, porque "esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus".

Compare sua vida com o evangelho e veja se há essa fé em você. Abraão experimentou essa fé, ele apenas confiava que onde quer que estivesse Deus o abençoaria. Isto certamente não torna a existência mais fácil, mas com certeza conduz ao lugar onde todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Afinal, eu não sei, mas Ele sabe por mim; eu não vejo, mas Ele vê por mim.

Esse tipo de fé não irá mover montanhas, mas mudará sua vida!


Confira na sua bíblia: Hebreus 10:32-39.

Ulisses Juliano

terça-feira, 27 de julho de 2010

EU SEI, MAS NÃO DEVIA


Por: Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.


O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

O QUE VAZA EM SUA VIDA?



Aos 14 anos ela descobre sua feminilidade e se percebe mulher capaz de procriar. Entretanto, aquela circunstância deixa de ser um momento e se torna uma constante. A menstruação não para e se transforma em uma hemorragia que perdura por 12 anos. Numa sociedade extremamente machista, com leis rígidas relacionadas à mulher, ela se percebe vazando. Tudo nela vaza, o sangue, a saúde, a sociedade, a juventude, os relacionamentos, os anos, os sonhos, a vida. Sem remédios suficientes ou médicos competentes ela gasta tudo o que tem em tentativas vãs de sarar, de estancar aquele vazamento.

Até que ela ouve falar de um homem que cura. Imediatamente ela quebra todos os protocolos arriscando a própria vida para se aproximar dele no meio de uma multidão. Não obstante, ela entendeu que aquela era sua única opção, portanto, toda sua esperança ela dedicou àquele momento e rompeu toda uma multidão para tocar nas vestes de Cristo.

A cura surge tão instantânea como antes havia iniciado a hemorragia e Jesus a convida para estar frente a frente com Ele e a parabeniza por sua fé.

Nessa pequena história, percebo alguns pontos cruciais:
Avalio que todos temos algum tipo de “vazamento” e que se faz necessário que percebamos onde está vazando em nossa vida;
Vejo que há muitas pessoas que andam perto de Jesus, mas poucos o tocam;
Enxergo que a fé supera quaisquer adversidades;
Percebo que não é necessário ritual;
Noto que quem toca Jesus é conhecido por Ele;
Fico admirado que Deus nunca olha para multidões, Ele se interessa por toques de intimidade, de fé.

Por fim, Jesus olha nos olhos dela e diz: "Filha, a tua fé te salvou. vai-te em paz, e fica livre do teu mal."
Leia Marcos 5:25-34

Ulisses Juliano

quinta-feira, 8 de julho de 2010

NÃO FAZ DIFERENÇA POR QUAL CAMINHO VOCÊ VÁ


E Alice prosseguiu: "Você poderia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?"

"Depende muito de onde você quer chegar". Disse o Gato.

"Não me importa muito onde..." foi dizendo Alice.

"Nesse caso não faz diferença por qual caminho você vá." Disse o Gato.

(Lewis Carroll, 1862)