domingo, 12 de dezembro de 2010

JESUS NÃO É EVANGÉLICO


Poucos personagens históricos foram tão mal interpretados quanto Jesus, tanto na sua época como hoje. É necessário o desenvolvimento de um equilíbrio fundamentado solidamente nas Escrituras, para que as distorções de quase vinte séculos de tradições não nos solapem a alma a conclusões equivocadas sobre aquEle que É, que era e que há de vir.

Jesus nunca se submeteu às convenções humanas de ética para um bom viver, Ele amava e não se mimetizava aos chavões evangélicos que foram a Ele atribuídos. Não havia hipocrisia nEle, nunca houve meio termo, sempre Verdade embebida em graça.

Nós os evangélicos, estamos constantemente tentando "constranger" Jesus a se enquadrar em nossas religiosidades fabricadas por interesses ambíguos e contemporâneos. A maior oposição que Jesus enfrentou não veio dos pecadores e publicanos, mas sim dos líderes religiosos que enxergavam-no como uma ameaça à sua autoridade. A igreja promove uma santidade inatingível e as pessoas ficam entre a hipocrisia de ser e a angustiosa culpa de não ser. Nosso "sim" está sempre sujeito às tendências, de modo que a moral, a ética, a integridade estão ajustadas ao que atualmente é convencionado, ou seja, estamos sempre pervertendo o "sim e o não" de acordo com as nossas necessidades, e para isso utilizamos sempre o nome de Jesus como "testa de ferro" de nossas idiocracias. Vivemos cada qual ao nosso modo, vidas secas, estéreis, vazias de Deus, de modo que, julgamos a todos quantos não se enquadram em nosso padrão evangélico de ser. Somos os portadores da espada da justiça, criamos ritos e liturgias e oficializamos momentos de espiritualidade tornando o viver numa cerimônia com o intuito de nos alienar do mundo, obcecados que somos por pormenores puristas, detalhistas e cheios de preconceitos, dominados pela idéia de construção de uma teocracia na terra. Exteriorizar é uma prática comum e necessária em nosso meio, a fim de que todos possam visualizar nossos "fetiches" espirituais, sem, contudo, experimentarmos a convivência com o Eterno.

Jesus nos convida a seguir princípios imutáveis e ao mesmo tempo sermos livres para escolher. Não importa 'o que' ou 'como', você sempre pode contar com os princípios do evangelho para responder às adversidades da vida. Há uma exigência vital por respostas, por soluções, por completudes, contudo, a maioria de nós apenas "vai levando". Se omitindo da existência ao esgueiramo-nos nos recônditos do cristianismo religioso e mecânico. No final das contas, o evangelho nos constrange a crescer para nos tornarmos nosso próprio juiz, mentor e cobrador e eu tenho convicção de que este será o objetivo mais difícil de nossas vidas, pois, exige responsabilidade e compromisso. Não estamos acostumados a estas palavras, mas sim com a idéia de que "o pastor que ore por mim", ou o "líder que decida o que é melhor", "eu apenas sigo", "apenas participo", "não preciso assumir posicionamentos concretos". No discipulado há uma lei básica: a pessoa é livre para tudo, só não é livre para deixar de escolher.

Não há alternativas, o homem tem que estruturar a sua vida única e exclusivamente sobre o evangelho. Não há outra base, só há uma rocha firme, uma pedra angular sobre a qual edificamos nossa existência. Não obstante, na maioria das vezes, nossas mensagens atuais não é esta, mas sim a de mercantilizar o evangelho, de estabelecer regras e preceitos para que somente assim o homem tenha condição de acessar a graça, mediante o cumprimento de uma série de requisitos de determinada denominação para que se forme uma "raça de eleitos", de "seres perfeitos", aos quais denominamos de evangélicos.

Jesus não veio preconizar uma crença, uma nova religião ou uma filosofia de vida, pois, tudo isso são sistematizações arrogantes e tolas que se perdem com o passar do tempo. Jesus não é evangélico, islâmico, budista ou de qualquer religião. Ele veio revelar o mistério, Ele veio para que o homem pudesse experimentar a fé que suporta os conflitos da existencialidade no passado, no presente e no porvir. Essa fé que não se sujeita a uma denominação ou a um título clerical, pois, é disponível a todos que desejam ir além da superficialidade religiosa e experimentar o mistério da graça que permanece em segredo aos que insistem em ativar mecanismos ao invés de se dobrar com a alma quebrantada diante do amor imensurável do Criador.

Eu não estou aqui defendendo Jesus, pois, Ele não precisa de defesa, o Eterno se defende ou Deus não é Deus afinal? Então, o que desejo dizer com tudo isso?
Ora, também não estou conclamando ninguém a sair de sua igreja ou a se revoltar contra suas lideranças, estou apenas repetindo o que Jesus sempre afirmou: viver pela fé, afeta de tal modo a existência humana, que constrange sem alardes, sem pressões, sem manipulações ou tirania, o homem a viver abundantemente e ao mesmo tempo simplesmente como Jesus.

Devemos ser o elemento diferenciador de nossa sociedade, trazendo tempero à realidade, pois, o mundo está insípido e amargo e necessita de sal, de alegria, de prazer, de graça. Minha oração é de que você experimente, de uma vez por todas, o Deus ao qual você afirma seguir. a fé verdadeira e salvadora não pode basear-se inteiramente na "religião", mas deve ser centrada na pessoa e no exemplo de Jesus.

Por,
Ulisses Juliano

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