segunda-feira, 18 de outubro de 2010

LUGAR DE HOMOSSEXUAL É NA IGREJA


Eu era moleque ainda quando li o novo testamento pela primeira vez. Encontrei um pastor e disse a ele: “Jesus nunca entraria na sua igreja.” Ele assustado me questionou o porquê e eu respondi: “Porque Ele não tem nada a ver com o ‘Jesus’ que o senhor prega.” Naquela época o que eu acreditava ser aberração era excluir um membro da igreja por este possuir uma televisão, ou a preocupação com o tamanho da saia das mulheres, o cumprimento do cabelo e por aí vai as loucuras impensáveis para nós hoje em dia. Hoje a preocupação é com o movimento gay. Quase que todas as lideranças eclesiásticas que conheço estão desesperadas por causa do impacto que os homossexuais estão causando na sociedade, de modo que, a igreja de um modo geral se sente ameaçada e iniciou uma nova “caça as bruxas”.

Evidentemente, não concordo com o pecado, contudo, tenho convicção que não é por ser cristão que tenho que ser inimigo de alguém que tem uma opção sexual diferente, pelo contrário, Jesus ia ao encontro de todos independente da classe social, de opções ou de lugares. Jesus ia e o seu amor transformava as pessoas. O problema de hoje em dia, é que nós queremos distância de todos aqueles que taxamos como diferentes. A igreja deve ser um lugar de transformação e liberdade, sua bandeira tem de ser convidar a todos para entrarem em seus templos confiadamente de que o evangelho é poderoso para salvar, de que o Espírito Santo tem poder de verdade para transformar o ser humano. No entanto, estamos fazendo exatamente o oposto, antes mesmo deles se aproximarem nós já os excluímos, fazemos uma espécie de redoma espiritual, na qual os homossexuais não podem adentrar e ficamos confinados como seres especiais dentro da tal redoma para não nos contaminarmos. A questão é que nós deveríamos ser o sal da terra, ou seja, a nós foi dada a incumbência de temperar, de dar sabor à vida, nós devemos oferecer o evangelho como alimento à alma de todos quantos desejam e necessitam da graça. A igreja deve apenas pregar a Cruz e ajudar o indivíduo a caminhar, pois, o Espírito Santo ainda hoje fala e creio que todo aquele que ouviu a Voz do Chamado para crer deve crescer e se entender com Aquele que o chamou e não comigo ou com alguma denominação. Ninguém está apto para julgar a alma de outrem, e muito menos afastar do convívio cristão alguém que seja “diferente”. A Graça de Deus não gera libertinagem nunca. E se alguém não se ajudar e não for ajudado na Graça do Espírito do Evangelho de Cristo não o será por mais ninguém e por nenhum outro poder da Terra.

Estamos constantemente em espírito de inimizade, afastando quando deveríamos atrair, constrangendo quando deveríamos acolher. A proposta do evangelho é outra, a palavra de Jesus continua a mesma: “Vinde a mim todos...”
O evangelho é O Caminho que faz com que o ser humano tenha a imagem de Cristo. Mas como ocorre esta mudança? Deus nos ama do jeito que somos, mas não nos deixa da mesma maneira. Ele quer que sejamos como Jesus. De modo que, Ele é quem salva, ele é quem liberta, Ele é quem transforma. Um dia fomos amados e perdoados, por que hoje nós recusamos a amar e perdoar?

Portanto, o lugar de todos inclusive os homossexuais é a igreja, é lá que eles devem ser acolhidos e aceitos para experimentarem a verdade transformadora do evangelho.

O amor se manifesta em ação.

Por,

Ulisses Juliano

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

EM QUE NOS PARECEMOS COM LÚCIFER?


A pior parte do pensamento religioso é se apropriar das nossas melhores ambições e as utilizar contra nós. Em determinadas circunstâncias, as pessoas que estão tentando ser mais leais a Deus, na verdade, se tornam mais escravas dos próprios apetites e desejos. Foi exatamente o que aconteceu com Lúcifer. O mal tem caras diferentes, mas é essencialmente o mesmo, anjos e homens rebelados não passam de criaturas em revolta contra Deus. E, em ambos os casos, a atitude de enfrentar a Deus nasce da mesma fonte que é o desejo de autonomia em relação ao Eterno.

Lúcifer queria ser como Deus, o que é exatamente o que Deus quer para nós, essa é a proposta do evangelho, sermos imagem e semelhança dEle. O anjo de luz não desejava lutar contra Deus, entretanto, desejou o brilho da glória de Deus pela glorificação de seu ego. Isso ocorre todos os dias em quase todos os lugares, especialmente nos ambientes religiosos onde há pessoas que se sentem divinamente elevadas, moralmente formosas, perfeitas em conduta, exaltadas no status da fé, insaciáveis em suas ambições religiosas, e pretensamente possuidoras de todas as revelações de Deus. Essas eram as características de Lúcifer, leia depois o capítulo 28 do livro do profeta Ezequiel.

Paulo sempre viu três caminhos nessa vida, quando a maioria de nós apenas reconhece dois. Tendemos a pensar nossas vidas como uma escolha básica entre fazer o mal e fazer o bem, vivemos constantemente entre esses dois pólos. Não obstante, Paulo via dois modos distintos de se exercer o bem: um nos faz se esforçar, oferecer nosso melhor, e fazer tudo quanto for necessário para nos submetermos às leis de Deus. Essa é a opção que a maioria escolhe, contudo, todos que escolhem assim falham sempre, inclusive Paulo. Mesmo quando se descrevia como seguidor de todas as leis de Deus externamente Paulo fomentava ódio e ira em seu coração. Ele usou a sua fé e sua religião para adaptar seu comportamento externo de maneira a acatar as leis, mas isso somente aprofundava ainda mais seus problemas. Sua intensidade em fazer o que era lícito de acordo às suas forças, fez com que ele perseguisse e assassinasse os cristãos em nome de Deus. Compreende o paradoxo?

Mas, Paulo nos ensina que o outro modo de viver com Deus é que todas as nossas falhas resultam do fato de não confiarmos a Deus a tarefa de cuidar de nós. À medida que Paulo foi se relacionando com o Eterno, descobriu que podia confiar no Seu amor por ele. Quanto mais confiava no amor de Deus, mais liberto se via dos desejos que o consumiam, até concluir que tudo cooperava para o seu bem. Portanto, não era por qualquer tipo de força que ele haveria de se tornar semelhante a Cristo, mas apenas experimentar viver pela fé, ou seja, viver com a convicção que o trabalho é dEle e o nosso trabalho é descansar nEle. Nós somos as ovelhas e é Deus o Bom Pastor, vejo constantemente várias pessoas tentando inverter os papéis, é um absurdo a ovelha pensar que pode ensinar, guiar, ou ajudar o Pastor. Estamos aqui para viver a graça do evangelho e Ele só quer que vivamos a vida de forma a concluí-la na perspectiva de uma existência que honrou a Ele, é preciso dedicá-la ao único Deus, que É para todo o sempre.

O evangelho nos constrange a viver na fé que serve para o nosso hoje e garante-nos eternamente. Isso não vem de nós, ninguém pode produzir essa fé. É uma dádiva, um carinho, um presente dEle a nós, portanto, a fé não precisa ser imensa, precisa ser experimentável diariamente com suficiência para preencher as frestas abertas pelas incertezas, inseguranças, duvidas e medos, esta fé que nos ampara em cada dia, pois, todos os dias estamos nas mãos dEle.

Se assim for, seremos tal como Ele é, pois, é assim que é o evangelho.

Por, Ulisses Juliano