quinta-feira, 7 de outubro de 2010

EM QUE NOS PARECEMOS COM LÚCIFER?


A pior parte do pensamento religioso é se apropriar das nossas melhores ambições e as utilizar contra nós. Em determinadas circunstâncias, as pessoas que estão tentando ser mais leais a Deus, na verdade, se tornam mais escravas dos próprios apetites e desejos. Foi exatamente o que aconteceu com Lúcifer. O mal tem caras diferentes, mas é essencialmente o mesmo, anjos e homens rebelados não passam de criaturas em revolta contra Deus. E, em ambos os casos, a atitude de enfrentar a Deus nasce da mesma fonte que é o desejo de autonomia em relação ao Eterno.

Lúcifer queria ser como Deus, o que é exatamente o que Deus quer para nós, essa é a proposta do evangelho, sermos imagem e semelhança dEle. O anjo de luz não desejava lutar contra Deus, entretanto, desejou o brilho da glória de Deus pela glorificação de seu ego. Isso ocorre todos os dias em quase todos os lugares, especialmente nos ambientes religiosos onde há pessoas que se sentem divinamente elevadas, moralmente formosas, perfeitas em conduta, exaltadas no status da fé, insaciáveis em suas ambições religiosas, e pretensamente possuidoras de todas as revelações de Deus. Essas eram as características de Lúcifer, leia depois o capítulo 28 do livro do profeta Ezequiel.

Paulo sempre viu três caminhos nessa vida, quando a maioria de nós apenas reconhece dois. Tendemos a pensar nossas vidas como uma escolha básica entre fazer o mal e fazer o bem, vivemos constantemente entre esses dois pólos. Não obstante, Paulo via dois modos distintos de se exercer o bem: um nos faz se esforçar, oferecer nosso melhor, e fazer tudo quanto for necessário para nos submetermos às leis de Deus. Essa é a opção que a maioria escolhe, contudo, todos que escolhem assim falham sempre, inclusive Paulo. Mesmo quando se descrevia como seguidor de todas as leis de Deus externamente Paulo fomentava ódio e ira em seu coração. Ele usou a sua fé e sua religião para adaptar seu comportamento externo de maneira a acatar as leis, mas isso somente aprofundava ainda mais seus problemas. Sua intensidade em fazer o que era lícito de acordo às suas forças, fez com que ele perseguisse e assassinasse os cristãos em nome de Deus. Compreende o paradoxo?

Mas, Paulo nos ensina que o outro modo de viver com Deus é que todas as nossas falhas resultam do fato de não confiarmos a Deus a tarefa de cuidar de nós. À medida que Paulo foi se relacionando com o Eterno, descobriu que podia confiar no Seu amor por ele. Quanto mais confiava no amor de Deus, mais liberto se via dos desejos que o consumiam, até concluir que tudo cooperava para o seu bem. Portanto, não era por qualquer tipo de força que ele haveria de se tornar semelhante a Cristo, mas apenas experimentar viver pela fé, ou seja, viver com a convicção que o trabalho é dEle e o nosso trabalho é descansar nEle. Nós somos as ovelhas e é Deus o Bom Pastor, vejo constantemente várias pessoas tentando inverter os papéis, é um absurdo a ovelha pensar que pode ensinar, guiar, ou ajudar o Pastor. Estamos aqui para viver a graça do evangelho e Ele só quer que vivamos a vida de forma a concluí-la na perspectiva de uma existência que honrou a Ele, é preciso dedicá-la ao único Deus, que É para todo o sempre.

O evangelho nos constrange a viver na fé que serve para o nosso hoje e garante-nos eternamente. Isso não vem de nós, ninguém pode produzir essa fé. É uma dádiva, um carinho, um presente dEle a nós, portanto, a fé não precisa ser imensa, precisa ser experimentável diariamente com suficiência para preencher as frestas abertas pelas incertezas, inseguranças, duvidas e medos, esta fé que nos ampara em cada dia, pois, todos os dias estamos nas mãos dEle.

Se assim for, seremos tal como Ele é, pois, é assim que é o evangelho.

Por, Ulisses Juliano

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