
Eu era moleque ainda quando li o novo testamento pela primeira vez. Encontrei um pastor e disse a ele: “Jesus nunca entraria na sua igreja.” Ele assustado me questionou o porquê e eu respondi: “Porque Ele não tem nada a ver com o ‘Jesus’ que o senhor prega.” Naquela época o que eu acreditava ser aberração era excluir um membro da igreja por este possuir uma televisão, ou a preocupação com o tamanho da saia das mulheres, o cumprimento do cabelo e por aí vai as loucuras impensáveis para nós hoje em dia. Hoje a preocupação é com o movimento gay. Quase que todas as lideranças eclesiásticas que conheço estão desesperadas por causa do impacto que os homossexuais estão causando na sociedade, de modo que, a igreja de um modo geral se sente ameaçada e iniciou uma nova “caça as bruxas”.
Evidentemente, não concordo com o pecado, contudo, tenho convicção que não é por ser cristão que tenho que ser inimigo de alguém que tem uma opção sexual diferente, pelo contrário, Jesus ia ao encontro de todos independente da classe social, de opções ou de lugares. Jesus ia e o seu amor transformava as pessoas. O problema de hoje em dia, é que nós queremos distância de todos aqueles que taxamos como diferentes. A igreja deve ser um lugar de transformação e liberdade, sua bandeira tem de ser convidar a todos para entrarem em seus templos confiadamente de que o evangelho é poderoso para salvar, de que o Espírito Santo tem poder de verdade para transformar o ser humano. No entanto, estamos fazendo exatamente o oposto, antes mesmo deles se aproximarem nós já os excluímos, fazemos uma espécie de redoma espiritual, na qual os homossexuais não podem adentrar e ficamos confinados como seres especiais dentro da tal redoma para não nos contaminarmos. A questão é que nós deveríamos ser o sal da terra, ou seja, a nós foi dada a incumbência de temperar, de dar sabor à vida, nós devemos oferecer o evangelho como alimento à alma de todos quantos desejam e necessitam da graça. A igreja deve apenas pregar a Cruz e ajudar o indivíduo a caminhar, pois, o Espírito Santo ainda hoje fala e creio que todo aquele que ouviu a Voz do Chamado para crer deve crescer e se entender com Aquele que o chamou e não comigo ou com alguma denominação. Ninguém está apto para julgar a alma de outrem, e muito menos afastar do convívio cristão alguém que seja “diferente”. A Graça de Deus não gera libertinagem nunca. E se alguém não se ajudar e não for ajudado na Graça do Espírito do Evangelho de Cristo não o será por mais ninguém e por nenhum outro poder da Terra.
Estamos constantemente em espírito de inimizade, afastando quando deveríamos atrair, constrangendo quando deveríamos acolher. A proposta do evangelho é outra, a palavra de Jesus continua a mesma: “Vinde a mim todos...”
O evangelho é O Caminho que faz com que o ser humano tenha a imagem de Cristo. Mas como ocorre esta mudança? Deus nos ama do jeito que somos, mas não nos deixa da mesma maneira. Ele quer que sejamos como Jesus. De modo que, Ele é quem salva, ele é quem liberta, Ele é quem transforma. Um dia fomos amados e perdoados, por que hoje nós recusamos a amar e perdoar?
Portanto, o lugar de todos inclusive os homossexuais é a igreja, é lá que eles devem ser acolhidos e aceitos para experimentarem a verdade transformadora do evangelho.
O amor se manifesta em ação.
Por,
Ulisses Juliano