segunda-feira, 27 de setembro de 2010

BRINCADEIRA DE GENTE GRANDE


Qualquer homem quer uma mulher legal, inteligente, sexy, bonita e bem versada. Ficamos com ela uma vez, duas e inicia-se uma relação estável. Buscamos ela na faculdade, vamos ao cinema juntos, apresentamos aos amigos, compramos pequenos presentes... tudo básico, até virar uma rotina sem graça.

É inexplicável que de uma hora para outra ficamos com inveja daqueles caras que estão solteiros, bem humorados, indo para a noite, sem nenhuma responsabilidade ou envolvido com um relacionamento sério. Sentimos falta de dar aquelas cantadas infalíveis, das trocas de olhares, da dança, do clima de caça e das conquistas.

A cabeça nesse momento está um turbilhão, daí pensamos que não estamos pronto para mantermos um relacionamento para o resto da vida, não agora, somos tão jovens, há tantas coisas para se descobrir, para se experimentar e nesse momento aquela garota perfeita, pela qual procurávamos e estávamos apaixonados se transforma numa mala e aos poucos vamos permitindo que surja uma aversão a ela e quando você menos espera não está mais com vontade de atender as chamadas dela, não se sente à vontade em sua companhia e começamos a ser grossos, arrogantes e a pobre mulher começa a se questionar onde falhou.

Ela não falhou em nada, o problema é justamente esse, nós é quem somos falhos, perversos e simplesmente abandonamos o relacionamento para voltar a velha vida que até a alguns meses atrás odiávamos. Não vemos a hora de se desvenciliar do relacionamento e arrasar, sair com todas quantas pudermos.

Ilusão.
Chegamos em casa depois de um encontro e percebemos que por mais mulheres que temos disponíveis, estamos sozinhos e insatisfeitos. Voltamos a pensar em como era bom simplesmente deitar no colo de nossa namorada, de assistir um filme juntos, de uma conversa simples e despretenciosa, percebemos que os defeitos dela eram todos superáveis e que ela nos dava valor e nos respeitava.

Enquanto isso, a mulher dos nossos sonhos ainda tenta entender o que aconteceu para a deixarmos para trás, está chateada, infeliz e essa angústia se transforma em raiva. Ela se acha infantil, se sente deslocada e resolve mudar, se adaptar a esse mundo e sai agora apenas para curtir outros caras, resolve não mais se envolver para não sofrer e assim nós transformamos aquela garota perfeita em uma monstra.

Em contra partida, nos arrependemos e queremos novamente ter um relacionamento sério e maduro, mas por incrível que nos pareça as mulheres só querem homens cafajestes, não querem se relacionar, se envolver, apenas curtir loucamente a vida.

A mulher da noite de hoje era a nossa ex-boa menina e está fazendo com outros homens exatamente o que fizemos a elas. Nós a perdemos, ela se perdeu, todos perdem, pois, não há vencedores nessa brincadeira de gente grande.

Por, Ulisses Juliano

4 comentários:

  1. Retrato da sociedade atual!

    Um amigo me enviou um texto que cabe bem para refletirmos junto à sua colocação:

    "A tese de Bauman é que vivemos em um mundo líquido, que detesta tudo o que é sólido e durável, tudo que não se ajusta ao uso instantâneo nem permite que se ponha fim ao esforço. O amor, nesse mundo líquido, é, portanto, amor líquido. A tirania do mercado explica em parte essa característica rarefeita de tudo. Estamos na era do Homo consumens. O que caracteriza o consumismo não é acumular bens, mas usá-los e descartá-los em seguida, a fim de abrir espaço para outros bens e usos.
    ...Viver juntos foi substituído por ficar juntos. A convivência foi substituída pelos encontros episódicos. O casamento foi substituído pela sucessão de romances com sexo.
    O divórcio foi substituído pelos CSS – casais semi-separados. As amizades foram substituídas pelas salas de chat e as redes, onde se pode conectar e desconectar sem qualquer compromisso, promovendo relações fantasiosas ou profundas protegidas pelo anonimato.
    ... Na compulsão de tentar novamente, e obcecado em evitar que a atual experiência sabote a futura, ou sempre em expectativa de que o melhor está por vir e que há sempre algo melhor pelo que esperar, as pessoas acabam desaprendendo o amor. A sensação de que se pode ser abandonado, substituído a qualquer momento, impede a entrega total – e, porque não se entrega totalmente, o amante parcial vive com a constante sensação de que está vivendo um equívoco, ou que está esquecendo algo, deixando de experimentar alguma coisa. Isso faz com que o amante parcial viva carregado de ansiedade. E, pior do que isso, está condenado a permanecer
    para sempre incompleto e irrealizado.
    ...O amor não acontece na relação superficial, esporádica, virtual, meramente física, mas num relacionamento de proximidade que conduz à intimidade, em direção à profundidade do ser que ama. Em outras palavras, não confunda paixão e sexo com amor."
    (Ed René Kivitz)

    Adorei seu texto!

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  2. Laisi,
    eu entendo que essa prática de relacionamentos totalmente desconexos e conturbados que a sociedade está experimentando é o reflexo de um afastar gradual do evangelho.
    Note que tudo o que o evangelho preconiza é o amor, de modo que, se não houver esse ingrediente fundamental, não há relacionamento sério. Há trocas, há uma espécie de mercado compensatório onde as partes se aproximam para receber ou trocar alguma espécie daquilo que poderíamos chamar de carinho.

    abraços

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  3. Olha a desculpa para a culpa...
    kkkkkkkkkkkk

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